Mas Hunne interrompeu.
-Talvez o sistema funcione para as raças inferiores, mas os médicos ingleses têm espíritos mais independentes e devem ter liberdade para conduzir seus negócios.
- Sem dúvida a medicina é mais do que um negócio -observou Rob delicadamente
- É menos do que um negócio - retrucou Hunne -, com o preço das consultas e com os borra-botas inexperientes que estão sempre chegando a Londres. Por que acha que é mais do que um negócio?
- É uma vocação, Master Hunne -, como o chamado divino para os homens da igreja.
Brace deu uma gargalhada. Mas o presidente da mesa tossiu, farto de discussão.
(...)
- Supondo que a doença abdominal seja causada como descreveu - perguntou um médico com um forte sotaque dinamarquês. -Sugere algum meio de cura?
- Não sei nenhum método de cura.
Houve gemidos e desaprovação.
-Então de que adianta sabermos ou não a origem da doença?
Outros apoiaram com murmúrios, esquecendo o quanto odiavam os dinamarqueses, unidos na ânsia comum de contestar o recém-chegado.
-A medicina é como uma lenta construção de uma parede - replicou Rob. - Temos sorte se, durante uma vida inteira, conseguimos colocar um tijolo. Se pudermos explicar a doença, alguém que ainda não nasceu pode descobrir a cura.
Mais gemidos.
(trechos de "O Físico", de Noah Gordon)
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