quinta-feira, 18 de março de 2010

Médicos e médicos

Mas Hunne interrompeu.
  -Talvez o sistema funcione para as raças inferiores, mas os médicos ingleses têm espíritos mais independentes e devem ter liberdade para conduzir seus negócios.
  - Sem dúvida a medicina é mais do que um negócio -observou Rob delicadamente
  - É menos do que um negócio - retrucou Hunne -, com o preço das consultas e com os borra-botas inexperientes que estão sempre chegando a Londres. Por que acha que é mais do que um negócio?
  - É uma vocação, Master Hunne -, como o chamado divino para os homens da igreja.
Brace deu uma gargalhada. Mas o presidente da mesa tossiu, farto de discussão.

(...)


  - Supondo que a doença abdominal seja causada como descreveu - perguntou um médico com um forte sotaque dinamarquês. -Sugere algum meio de cura?
 - Não sei nenhum método de cura.
  Houve gemidos e desaprovação.
  -Então de que adianta sabermos ou não a origem da doença?
Outros apoiaram com murmúrios, esquecendo o quanto odiavam os dinamarqueses, unidos na ânsia comum de contestar o recém-chegado.
 -A medicina é como uma lenta construção de uma parede - replicou Rob. - Temos sorte se, durante uma vida inteira, conseguimos colocar um tijolo. Se pudermos explicar a doença, alguém que ainda não nasceu pode descobrir a cura.
Mais gemidos.

(trechos de "O Físico", de Noah Gordon)

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