Esse amor me constrange.

A injustica de quem ama

(fonte: Um blog com meu nome) 

O teu amor desceu às regiões mais profundas do meu ser. Como uma faca que fora cravada no peito, o teu perdão invadiu minha alma e meu espírito, minhas juntas e medulas.

O teu amor firmou minha confiança no invisível. Mesmo em meio a tantas frustrações, planos que deram errado ou vezes que minha única resposta foi teu cortante silêncio, minha alma ardeu de febre na esperança de que uma hora irias se levantar.

O teu amor desestrutura minhas onipotências. A cada dia que passa sou quebrado, moído, confrontado e, às vezes, transpassado pelo teu conselho que sempre me diz o que preciso ouvir. Vejo que nada sou, nada tenho e nada posso.

O teu amor me colocou mais perto da vida. Desde o dia em que decidiste habitar em mim, nem o choro da criança nem a solidão da viúva me causa indiferença. Tua palavra tem me ensinado a tornar-me fraco para consolar o abatido e, sendo fraco, deixar um laivo de esperança na vida de alguns. Só assim serei sal que se desfaz nos entremeios; luz que indiscriminadamente abraça todos os cantos. 

O teu amor me encoraja a viver. Ainda que meus sonhos sejam postos de lado pela tua soberana e insondável vontade, sinto que já não preciso de motivos para te servir. Nenhum a mais que o teu próprio amor. 

O teu amor fez em mim tudo o que não mereço: recebas minha vida como resposta, teu amor é injusto.

(Laion Monteiro)