quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

"Toda verdade do mundo tem sempre um poeta no fundo."

Toda tempestade
que insiste em brotar em mim
é chuva de rio.

Deságua sempre no mar da poesia


(Antônio Adriano de Medeiros em "Marginal)


O post já estava pronto há tempos, mas vai saber, devia estar mesmo incompleto. 
Durante uma aula de hoje  o professor disse que deveríamos enxergar a "metáfora que há em cada paciente". Rimos, obviamente, e cheguei a comentar que isso mais parecia um trecho de Drummond (ou Quintana, ou Lispector, Pessoa...whatever) do que expressão médica. Soou estranho, fato, mas acho que meu  lado literaturófilo (acabei de inventar!) até gostou da idéia de enxergar cada pessoa como uma figura de linguagem, por que não? Há hipérboles gritando aos montes, eufemismos dando notícias, ironias sorrindo nas portas... eu, provavelmente, seria uma metonímia. Ou um paradoxo?
Ao abrir minha caixa de emails, me deparo com o poema acima... adivinhem? Escrito por um médico, sim!
Vai saber...há mais poesia entre a humanidade e a medicina do que supõe a nossa vã filosofia.

Gosto de poesia. Não apenas da poesia no sentido estrito do termo, mas da poesia da beleza, da vida.
Deus é o poeta por excelência. Basta olhar o que deixou escrito, no papel ou na história que ainda está sendo escrita, cada dia.
"Ler" poesia não é pra qualquer um. E, de novo, o termo aqui extrapola a poesia-poema. "Quem não vê bem uma palavra, não vê bem um alma", afirmou Fernando Pessoa. É isso, é exatamente isso.
Há poesias belas, tristes, chocantes, ojerizantes. Cada pessoa, da mesma forma, traz em si um poema escrito, a ser desvendado.

Poesia, para mim, está sempre nas entrelinhas.



Fora do ritmo, só há danação.
Fora da poesia não há salvação.
A poesia é dança e a dança é alegria.
Dança, pois, teu desespero, dança.
Tua miséria, teus arrebatamentos,
Teus júbilos
E, mesmo que temas imensamente a Deus,
Dança como David diante da Arca da Aliança;
Mesmo que temas imensamente a morte,
Dança diante da tua cova.
Tece coroas de rimas...
Enquanto o poema não termina
A rima é como uma esperança
Que eternamente se renova.
A canção, a simples canção, é uma luz dentro da
 [noite.

(Mario Quintana em "Aula Inaugural)


(Jeq*)

Um comentário:

Rosamaria disse...

Poesia não tem grife, não tem dono... como já dizia Zeca Baleiro.

Poesia, para mim, está sempre nas entrelinhas.

Sim, a beleza das palavras esta nas entrelinhas.

Lindo blog, lindo post

Um beijo
Rosamaria