sábado, 21 de maio de 2011

Confissões (ir)relevantes


Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa

 (Rubem Alves)


Ultimamente,tenho pensado muito em relevância. "Pensamentos profundos",pensa você, anônimo leitor.Mas já lhe explico que não, não tanto assim. É tão simples, quase superficial, tão próximo que quase palpável, mas a gente acaba mesmo se esquecendo por causa das tantas outras concretudes necessárias nessa vida. Mais ou menos como aquela que Antoine de Saint Exupéry revelou, que a gente acha sempre tão bonita de citar:




Para início de conversa, encontrei algo que pode, de certa forma, me definir e explicar a necessidade de relevância (calma! já, já chego a explicar essa relevância em si). Ouvi alguém perguntar por aí: "Por que a gente é desse jeito, criando conceito pra tudo?" e eis que a verdade é  que "descobrir o verdadeiro sentido das coisas é querer saber demais". Mas podemos chegar perto. A definição, portanto, seria prágmatica. Que palavra séria e difícil!, você deve ter pensado. Sim, concordo. Mas é a melhor forma de resumir alguém "que considera o valor prático e concreto das coisas". E eu ficaria horas pra conseguir explicar que essa concretude aqui (diferente daquela do primeiro parágrafo)  não é a ausência de abstração (até porque, se já deu pra perceber, minha necessidade de abstratos também é muito grande). Pra resumir, diria que prezo por aquilo que faz diferença, resolve, influi. Ponto.
E -bingo! - tenho descoberto que nem sempre o que faz diferença, resolve,influi, é aquilo que parece - ou aparece. Na maioria das vezes, relega-se aos bastidores, à falta de aplausos, ao periférico, ao esquecido (sim,pasme!).


Ficaríamos horas conversando para que eu lhe desse exemplos disso, mas acho que corro o risco de você se cansar e não querer ler mais...
Então continuo a conversa citando aquela de C.S.Lewis: "o que não é eterno, é eternamente inútil". Começamos, portanto, a entender a tal relevância. Algo um pouco maior do que a nossa (mediocre) necessidade de fazer o que todos fazem ou o que é admirável, mas que, no final das contas,pouco importa. 
Ou me diga, então: o que  importa tanta afetação, tanto auê, tanto oooh! se nos esquecemos de considerar o valor prático? Se não fizer a diferença, não resolver, não influir? Estou com pressa, pressa, pressa. Ousaria neste momento me apropriar da dor da Marla de Queiroz para que você entenda: "eu sou essa gente que se dói inteira porque não vive só na superfície das coisas". E dói. Dói mesmo.
 Vontade de  fazer o que será. De influir, mesmo sem resolver . Fazer diferente, ainda que seja aquele tipo de diferença tão pequena que só pode ser explicada pela metáfora da gota d'água no oceano. Mas  de que adianta  um lindo oceano pintado numa belo quadro de parede, se não se é capaz de ver o sertão, o vale, o deserto em volta?



Durmo esta noite com a relevância de Brecht.



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