quarta-feira, 13 de julho de 2011

De vez em quando, Deus me dá de volta a poesia...;)

Calvino afirma, na verdade ele estava citando Paulo, que, por sua vez, estava concordando com vários salmos, que é bom olhar para duas realidades. A primeira é a Criação, algo fora do homem. Para nossas pinceladas, dê uma olhadinha numa tempestade, ela nos lembra que nós somos nada (penso que Lutero aprendeu essa lição). Eu, particularmente, gosto de olhar árvores e pôr-do-sol; de sentir o cheiro de capim cortado e das flores; e ouvir o “louvorzão” dos passarinhos, pois sei que eles nem sabem que estou olhando. Já reparou no vento? Tanto faz ser a brisa ou o impetuoso, pois Ele sopra onde quer. Não se esqueça de olhar para as coisas boas da vida, elas também fazem parte da Criação: uma criança sorrindo, uma piada bem contada, o abraço da vovó, almoço de domingo, essas coisas que fazem tudo parecer o céu. Peça perdão e perdoe. Tenha um pai e uma mãe, não precisa ser os que te tiveram, mas, se forem eles, é melhor ainda. Tenha boas amizades, isso é muito importante, pois Deus nos deu uma dica para o quadro quando disse ser nosso amigo. Ame alguém e se deixe ser amado. 



                                                    
 
Mas não pare aqui, de jeito nenhum, estamos apenas começando, não deixe que Pã (lembre de panteísmo) também te engane. A segunda coisa que Calvino, Paulo e os salmistas nos mandam olhar está dentro de você, atento leitor, isto é, sua própria consciência, os conceitos de certo e errado que você tem. Eles não foram aprendidos somente com a cultura, como nos lembra Lewis, pois muitos fazem parte do que o nosso amigo inglês chama de Lei Natural, Tao para os mais íntimos de A abolição do homem. Como ele nos mostrou, é natural as culturas não acharem muito legal alguém matar a mãe, não agir com caridade, não respeitar os mais velhos, pegar a mulher do outro etc. Alguns teimam em citar casos isolados como se fossem provas da não universalidade das ideias de certo e errado, ao invés de entenderem apenas como exceções à regra. Para piorar, citando mais uma vez Lewis (Cristianismo Puro e Simples), além de sabermos da existência da Lei Moral, não conseguimos praticar integralmente aquilo que achamos certo.
Mas que bom que o Senhor nos diz: “não temas”, pois, como nos ensinou Blaise Pascal, “o conhecimento de Deus sem o da própria miséria produz orgulho. O conhecimento da própria miséria sem o de Deus produz o desespero. [...] Jesus Cristo é um Deus do qual nos aproximamos sem orgulho e perante o qual nos humilhamos sem desespero”.

Flávio Américo, em "Como pintar Deus" 

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