segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Graça me basta (4)

A graça sempre me encanta e, no cristianismo, ela é o "modo" de Deus criar as coisas.
 Toda vez que o mundo (e nós nele) surpreende, saindo de sua constante miséria interesseira, vaidosa, traiçoeira, monotonamente previsível, eu sinto o cheiro da graça.
 Tivesse eu que definir o modo como vivo, diria, entre a melancolia e a graça. Para mim, não há nada entre elas, só abismo.

A graça é generosa, não pensa em si mesma, pode ser humilhada, ignorada, desprezada, mas ainda assim ela dá vida. A natureza só pensa em si mesma, submete todos a ela, é escrava de sua fisiologia, ao fim, vira pedra. 

É mais ou menos assim que a mãe "mística" define a diferença entre viver segundo a graça ou segundo a natureza.
Se a vida é fruto da graça, ela é dádiva de beleza e de bondade, se ela é apenas natureza, ela é cega e sem sentido. 


(Luiz Felipe Pondé, no texto que eu li aqui)

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