sábado, 22 de outubro de 2011

Voai...


Voai...
pois sois como as borboletas amarelas, cuja cor alegra os dias na cinzenta cidade.
Que não perdem o brilho de serem quem são, mesmo diante do endurecido mundo a seu redor.
Que com poesia rodeiam as flores, e repousam sutilmente sobre as folhas verdes,
encantando aos que as vêem, que, admirados com tal beleza, percebem-se.

Não sejais como aquelas borboletas que se vendem pela própria sobrevivência.
Que perdendo o brilho e misturando-se à fumaça das grandes indústrias,
seguem loucas e sem rumo por entre os carros apressados,
pousam no cimento, e desanimam.
Cujo vôo cansado, enfada até quem as observa. 

Não sejais assim.

Antes, voai...
Pois sois como a esperança, visto que não se deixam corromper por esse século,
nem deixam vossa cor converter-se à triste cor das ruas. 

Sim, a esperança é amarela. 

A esperança de que O que a cor cria será enfim recebido com glória entre nós.
Então, Esse Cria-cor haverá de a todos colorir. 
Do cinza depressivo fará brilhar um amarelo resplandecente. 
De Alegria encherá os corações. E tudo será Luz. 

Portanto, voai...
De modo que a cor de suas asas inspirem os cansados, 
que a formosura de vosso vôo traga "paz-e-ciência" aos "sem-tempo", 
que a poesia com que beijam as flores em seus pousos, traga alívio aos sobrecarregados,
que a leveza com que são levadas pelo Vento, leve os homens a desejarem ser levados também.

Batei vossas asas, vós todas juntas,
e provocai ventanias que cruzem os continentes,
derrubando todas as construções idolátricas e injustas dos homens.
Des-construam o que a injustiça construiu,
e anunciai, com vosso vôo, que um Novo Tempo chegou.
Tempo em que todas as borboletas da terra devem se arrepender por não colorirem a vida,
e assim, convertendo-se ao Cria-cor,
tornem-se, nEle, amarelas, liláses, azuis, vermelhas, verdes...

Não se sintam constrangidas a perderem a cor por causa de seus predadores,
pois importa-nos mais que o pouco vivido seja para o mundo colorir,
que muito viver sem nenhum brilho ter.
A justiça nos torna frágeis, uma vez que voamos num mundo de injustiças,
mas lembrem-se que nas cores residem nossas Bem-aventuranças. 

Vós sois como as borboletas coloridas, fazei, pois, brilhar a vossa cor. 

Voai, voai e voai...

(Gustavo Machetti)

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