quinta-feira, 26 de abril de 2012

Via alternativa


Sonho que sou a Poetisa eleita
Aquela que diz tudo e tudo sabe,
Que tem a inspiração pura e perfeita,
Que reúne num verso a imensidade!


Sonho que um verso meu tem claridade
Para encher todo o mundo! E que deleita
Mesmo aqueles que morrem de saudade!
Mesmo os de alma profunda e insatisfeita!


Sonho que sou Alguém cá neste mundo...
Aquela de saber vasto e profundo,
Aos pés de quem a terra anda curvada!


E quando mais no céu eu vou sonhando
E quando mais no alto eu vou voando, 
Acordo do meu sonho...


                    E não sou nada!...


(Florbela Espanca)






(...) Poeta, não é somente o que escreve.
É aquele que sente a poesia,
se extasia sensível ao achado
de uma rima, à autenticidade de um verso. (...)

(Cora Coralina)







Um comentário:

Natalia Cortelette disse...

A mais bela poesia se revela no dia a dia, no descompasso das (in)justiças; na agitação de uma lotação, nas calmarias de um vento, cheiro e sabor de uma nova estação. Sendo, a mais bela poesia incomoda, repensa, deixa estar. Ela é. Os poetas que a fazem viva estão lá esquecidos, autênticos, atônitos por uma vida sem tanto pesar.