"Eu preciso dessa sensação boa, sabe, de encontrar os humanos por aí. Mesmo com tanta falta de humanidade nesses espaços para onde vou. Mas humano é isso tudo: essa crueldade, mas também essa riqueza; essa maldade, mas também esse acolhimento do outro. Quando você não tem nada, mas você ainda tem espaço para acolher alguém dentro de você, é interessante, bem interessante. E aí você se dá conta de que o material não é nada.
As pessoas não querem ouvir mais. Mas hoje eu já compreendo. Ok, elas não escolheram esse mundo para elas, eu não tenho o direito de forçá-las a um mundo que não querem. Cada um tem a sua escolha. Inclusive, a escolha de dizer: “Eu quero viver nesse outro mundo”. E a alienação também traz felicidade. Você não saber de tudo, você não saber de uma série de penúrias e de desgraças do mundo também te traz um conforto e uma sensação de felicidade de.... Ok, tudo o que eu sei é que meu filho está bem alimentado, dormindo num bercinho bonito, que acabei de reformar o quarto dele com um arquiteto. Está tudo ótimo. Tipo, a alienação também é isso, também traz conforto. Mas eu não escolhi esse lado. Eu escolhi saber, eu escolhi ver."
http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI228050-15230,00-MINHAS+RAIZES+SAO+AEREAS.html
quarta-feira, 28 de novembro de 2012
sábado, 24 de novembro de 2012
Novas descobertas: a angústia da paz
Oh! a alegria das coisas com aquela mudança
Para onde? Não importa! Desde que não seja
Este eterno mesmo lugar!
Mário Quintana
quarta-feira, 14 de novembro de 2012
Descobri o que (não) é a coisa mais fina do mundo
Ensinamento
Minha mãe achava estudo
a coisa mais fina do mundo.
Não é.
A coisa mais fina do mundo é o sentimento.
Aquele dia de noite, o pai fazendo serão,
ela falou comigo:
"Coitado, até essa hora no serviço pesado".
Arrumou pão e café , deixou tacho no fogo com água quente.
Não me falou em amor.
Essa palavra de luxo.
Minha mãe achava estudo
a coisa mais fina do mundo.
Não é.
A coisa mais fina do mundo é o sentimento.
Aquele dia de noite, o pai fazendo serão,
ela falou comigo:
"Coitado, até essa hora no serviço pesado".
Arrumou pão e café , deixou tacho no fogo com água quente.
Não me falou em amor.
Essa palavra de luxo.
(Adélia Prado)
domingo, 11 de novembro de 2012
A vida é a arte do encontro (4)
Para minha amiga Marilia
Pássaros-poema
Anjos barbudos
A gaiola ficou vazia:
O que é sonho e o que era realidade?
Mudanças (in)visíveis
Ouvidos atentos
A travessia segue em passos firmes:
Vida compartilhada além da imaginação
Palavras
Silêncio
Presença
Ausência
Saudade.
Amizade com sabor de eternidade
Pássaros-poema
Anjos barbudos
A gaiola ficou vazia:
O que é sonho e o que era realidade?
Mudanças (in)visíveis
Ouvidos atentos
A travessia segue em passos firmes:
Vida compartilhada além da imaginação
Palavras
Silêncio
Presença
Ausência
Saudade.
Amizade com sabor de eternidade
quarta-feira, 7 de novembro de 2012
Brotou do chão a poesia
na forma de uma plantinha
espigada,perfumosa,
se abrindo toda pra mim:
mensageiro da alegria,
era um pé de alecrim
que dourou a minha vida...
Passou por mim a poesia
na forma de uma gatinha
amarela,tão macia!,
uma bola peludinha
que chegou bem de mansinho...
Batizei-a de Chiquinha,
fiquei com ela pra mim.
Entrou em mim a poesia
na forma de uma canção
que falava de uma rua
com pedrinhas de brilhantes
e de um anjo solitário
que vivia por ali
e roubou meu coração
Gritou no mato a poesia
quando caiu a notinha:
era um concerto de grilos,
tantos astros em seresta,
pois era dia de festa,
e dentro da boca da noite
cantaram um coro sem fim...
Brilhou pra mim a poesia
na forma de uma lua cheia
e de um céu estrelado
despencando no telhado
de zinco avarandado,
pronto para ser pisado
por alguém bem distraído...
Cresceu em mim a poesia
na forma de uma tristeza,
um chorinho derramado
no silêncio da varanda.
Veio vindo,foi chegando
- carregado pelo vento? -
e tomou conta de mim
na forma de uma tristeza,
um chorinho derramado
no silêncio da varanda.
Veio vindo,foi chegando
- carregado pelo vento? -
e tomou conta de mim
Caiu do céu a poesia
na forma de uma chuvinha,
pingos grossos, cheiro doce,
que molhou as redondezas,
encharcou os meus cabelos,
inundou a minha vida
e levou minha tristeza.
Sorriu pra mim a poesia
na forma de um amigo
- mão estendida,carinho,
e estar juntos,quietinhos
ou ouvindo, ou contando,
ou rindo e barulhando... -
e abraçou minha vida.
Me arrebatou a poesia
trazida pelas palavras
abrigadas entre as páginas
do livro que alguém lia
e que deixou por ali:
mundo entrando pelos olhos,
enriqueceu minha vida.
Agora,sempre que quero
saber cadê a poesia,
dou um pulo na varanda,
me debruço - e espero:
quem sabe se de repente
ela volta e,simplesmente
vem contar por onde anda...
(Sônia Junqueira, Poesia na varanda - Coleção de Livros Infantis)
segunda-feira, 5 de novembro de 2012
Eu atravesso as coisas - e no meio da travessia não vejo (2)
Eu não sentia nada. Só uma transformação pesável.
Muita coisa importante falta nome.
(João Guimarães Rosa)
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