quinta-feira, 18 de março de 2010

Médicos e médicos

Mas Hunne interrompeu.
  -Talvez o sistema funcione para as raças inferiores, mas os médicos ingleses têm espíritos mais independentes e devem ter liberdade para conduzir seus negócios.
  - Sem dúvida a medicina é mais do que um negócio -observou Rob delicadamente
  - É menos do que um negócio - retrucou Hunne -, com o preço das consultas e com os borra-botas inexperientes que estão sempre chegando a Londres. Por que acha que é mais do que um negócio?
  - É uma vocação, Master Hunne -, como o chamado divino para os homens da igreja.
Brace deu uma gargalhada. Mas o presidente da mesa tossiu, farto de discussão.

(...)


  - Supondo que a doença abdominal seja causada como descreveu - perguntou um médico com um forte sotaque dinamarquês. -Sugere algum meio de cura?
 - Não sei nenhum método de cura.
  Houve gemidos e desaprovação.
  -Então de que adianta sabermos ou não a origem da doença?
Outros apoiaram com murmúrios, esquecendo o quanto odiavam os dinamarqueses, unidos na ânsia comum de contestar o recém-chegado.
 -A medicina é como uma lenta construção de uma parede - replicou Rob. - Temos sorte se, durante uma vida inteira, conseguimos colocar um tijolo. Se pudermos explicar a doença, alguém que ainda não nasceu pode descobrir a cura.
Mais gemidos.

(trechos de "O Físico", de Noah Gordon)

segunda-feira, 8 de março de 2010

Impossible is nothing

 
Desconfiai do mais trivial, na aparência singelo.
E examinai, sobretudo, o que parece habitual.
Suplicamos expressamente: não aceiteis o que é de hábito como coisa natural,
pois em tempo de desordem sangrenta,
de confusão organizada, 
de arbitrariedade consciente,
de humanidade desumanizada,
nada deve parecer natural 
nada deve parecer impossível de mudar.
(Bertolt Brecht)

sexta-feira, 5 de março de 2010

Enfim, a chuva.

Chegou no início da semana, mas só esta noite mostrou que não está pra brincadeiras e que a longa trégua em janeiro e fevereiro era só preparação.

Já se percebe sua conhecida ação: alagamento, pessoas perdendo casas, trânsito insuportável, compromissos perdidos (eu que o diga!).

Mas chegou,enfim.
Eu eu prefiro ficar com a visão mais poética desse momento, que só o grande Tom é capaz de descrever.

"É o projeto da casa, é o corpo na cama
É o carro enguiçado, é a lama, é a lama
É um passo, é uma ponte, é um sapo, é uma rã
É um resto de mato, na luz da manhã

São as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no teu coração"

(Jeq*)

segunda-feira, 1 de março de 2010

Cansei

Da época do pré-vest, no ápice da ansiedade e stress, quando os sentimentos estão à flor da pele.

Mas continuo cansada do mesmo.
"sempre desgostei de criaturas que com pouco e fácil se contentam" (Riobaldo)

Cansei de gente assim
Tão conformada, tão indiferente
Cansei de gente ruim
Gente que nem é mais gente
Cansei de gente que não ama
Gente que não vive o que crê
Gente que não crê no que vive
Cansei de gente que não se importa
Esses já não mais me importam
Cansei de gente falsa, medíocre, hipócrita
Cansei de falsas amizades, falsos sorrisos, falsas personalidades
Cansei dos amigos por interesse, dos amigos por conveniência
Cansei de chorar por quem não se importa em sorrir pra mim
Cansei da arrogância, da ignorância
Cansei de gente soberba, prepotente, intransigente
Cansei de gente que não sabe ouvir, não sabe ver
Cansei dos frustradores de sonhos ambulantes
Que não se contentam com suas próprias desilusões
E sentem prazer em minar desejos alheios
Cansei dos rótulos, das máscaras, das futilidades
Cansei do que não presta, do que não acrescenta
Cansei...

(Jeq*)