sábado, 27 de dezembro de 2008

Idéia genial

Quem teve a idéia de cortar o tempo em fatias, a
que se deu o nome de ano,
foi um indivíduo genial.
Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no
limite da exaustão.
Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e
entregar os pontos.
Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra
vez, com outro
número e outra vontade de acreditar que daqui pra
diante vai ser diferente.
(Carlos Drummond de Andrade)

Que seja!

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Uma passagem pra Pasárgada, por favor!


(...)
E como farei ginástica

Andarei de bicicleta

Montarei em burro brabo

Subirei no pau-de-sebo

Tomarei banhos de mar!

E quando estiver cansado

Deito na beira do rio

Mando chamar a mãe-d’água
Pra me contar as histórias

Que no tempo de eu menino

Rosa vinha me contar

Vou-me embora pra Pasárgada
(...)

Manuel Bandeira

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Coisas de uma mente empolgada, empolgante e "empolgativa"

A Persistência da Alma - Salvador Dalí

"Há mais mistérios entre o céu e a terra do que supõe a nossa vã filosofia"
William Shakespeare


http://revistagalileu.globo.com/Revista/Galileu/0,,EDG84830-7943-208-1,00-SOZINHA+NA+MULTIDAO.html

http://www2.uol.com.br/vivermente/reportagens/efeito_camaleao.html


"
Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo
(...)

Traduzir uma parte
na outra parte
-que é uma questão de vida ou morte-
será arte?
"
Traduzir-se - Ferreira Gullar


sábado, 8 de novembro de 2008

Pensando bem...

"Eu não vim a este mundo para atender às suas expectativas e nem você veio a este mundo para atender às minhas.
Eu sou eu, você é você. Se nos encontrarmos, é lindo; se não, nada há a fazer."
Fritz Berls



("It seems, it's always the crazy times
You'll find you'll wake up and realize
It takes more than your saline eyes
to make things rigth")

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Mudando de número e mais

Em plena era da portabilidade, mudei de celular, inclusive o número, e agora vai ser meio que um transtorno repassar o novo número para todos os contatos possíveis, refazer agenda, aprender a mexer com as funções do novo aparelho...

Envolvida com isso,me dei conta de que é uma analogia da minha própria vida. Portanto, eu deveria estar acostumada a recomeçar. Não foram poucas as vezes em que tive que refazer meus contatos, mudar de realidade, trocar de casa, de escola, de amigos, de endereço, de telefone... E mais uma mudança acontecia. E, por vezes, poderia parecer que aquela seria a última mas, tempos depois, lá estávamos nós outra vez, por vontade própria(raramente) ou necessidade do trabalho do meu pai (para que fique claro que não somos fugitivos,rs).

Existem vantagens nessa "vida louca". Conheci muita gente diferente, cada cidade com uma peculiaridade... fiz amigos de todo jeito, aprendi a me adaptar a diversas realidades, conheci partes diferentes do ES...

E as desvantagens? Toda mudança, seja do que for,é dispendiosa, tanto física quanto emocionalmente. Além disso, o tempo e a distância são, realmente, inimigos de muitas amizades. A quantidade de pessoas que conheci e que acreditava que fariam parte da minha vida "pra sempre" e que hoje nem devem se lembrar muito bem de mim( e vice-versa) é incontável. Tá certo que ainda existem amizades surpreendentes(pouquíssimas!) que perduram até hoje, mas não é a mesma coisa, né? É como se faltasse um pouco de "raízes". Toda vez que alguém me pergunta de onde eu vim ou de onde eu sou eu não sei a resposta imediata, de verdade. Tenho que pensar pra responder: querem saber onde eu nasci ou o último lugar em que morei? Porque não pertenço a nenhum deles, na verdade...

Pra mim, o saldo é positivo, eu sou otimista. Aprendi muito com tudo isso, cresci bastante, eu creio. E acho que deve ser por isso que não penso em morar longe da minha família- pelo menos por enquanto- porque estou "acostumada" a estar em novos ambientes mas junto com eles, como seria mudar de vida sem eles por perto? Creio que, algum dia, acabarei descobrindo.

O interessante é que seria de se esperar que eu fosse extremamente desapegada às pessoas com quem convivo, que as considerasse apenas como alguém que passa transitoriamente por minha vida, mas é exatamente o contrário. Entretanto, acho que esse pensamento está predominando ultimamente. Não sei se é coisa de "cidade grande"- é claro que acontece em qualquer lugar, mas percebo isso mais claramente depois que me mudei pra metrópole- ou se é coisa do século XXI. Mas os relacionamentos voláteis (isto me faz lembrar uma brincadeirinha sem graça...) estão cada vez mais comuns.

Bom mesmo é conservar os verdadeiros amigos, ainda que poucos.
E esperar pelo único lar definitivo, a "pátria celestial".
Mas que passar todos os contatos pra agenda do novo celular vai dar muuuito trabalho, isso vai!

sábado, 18 de outubro de 2008

Dia do Médico


É hoje!
Ao Pai da Medicina, Hipócrates, é atribuída a seguinte afirmação:

"Todas as sabedorias não acompanhadas de cupidez e falta de decoro são boas, e qualquer estudo metódico delas produz uma arte (...)

(...) pois as coisas relacionadas à sabedoria estão todas na medicina: desamor ao dinheiro, recato, capacidade de ruborizar, decência, reputação, decisão, tranqüilidade, capacidade de responder, pureza, linguagem sentenciosa, conhecimento das coisas úteis e necessárias à vida, rejeição da impureza, ausência de superstição (...)"


Medicina é Ciência e Arte.

Por hoje, meus parabéns vão só para os artistas.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Eu sei, mas não devia

(Marina Colasanti)

"Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.

(...)
A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora.
A tomar café correndo porque está atrasado.
A ler jornal no ônibus porque não pode perder tempo da viagem.
A comer sanduíche porque não dá pra almoçar.
A sair do trabalho porque já é noite.
A cochilar no ônibus porque está cansado.
A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.

(...)
A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir.
A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta.
A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.
(...)

Se acostuma a não ouvir o passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães,a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta.A gente se acostuma a coisas demais para não sofrer.

Em doses pequenas, tentando não perceber, vai se afastando uma dor aqui,um ressentimento ali, uma revolta acolá.
(...)

A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele.
Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se da faca e da baioneta, para poupar o peito.
A gente se acostuma para poupar a vida que aos poucos se gasta e, que gasta,de tanto acostumar, se perde de si mesma.
"


Esse blog tá ficando cada vez mais intimista, mas não devia, rs. Pelo menos não era a intenção... mas deixa estar, deixa ver o que é que vai dar...
E mais um texto/poema aí. Me lembrei dele após uma conversa trivial, hoje. Daquelas que te fazem pensar e repensar sobre um monte de coisas, sabe?

("querem que eu entre na massa, que seja mais um.. programado, conformado em só existir...")

P.S.: chuvinha booouua.. tempo louco! ;)

domingo, 28 de setembro de 2008

Atrevimento

Enquanto fazia a "matéria" pro Fala Sério!, eu revi os conceitos do Bogliolo (ou seriam do Fausto?) sobre Medicina, Saúde e Doença, que são bem interessantes:

Medicina é a arte e a ciência de promover a saúde e de prevenir, minorar ou curar os sofrimentos produzidos pelas doenças.
“Saúde é um estado de adaptação do organismo ao ambiente físico, psíquico ou social em que vive em que o indivíduo sente-se bem (saúde subjetiva) e não apresenta sinais ou alterações orgânicas evidentes (saúde objetiva)
“Doença é um estado de falta de adaptação ao ambiente físico, psíquico ou social, no qual o indivíduo sente-se mal (sintomas) e/ou apresenta alterações orgânicas evidenciáveis (sinais)”

Isso serve pra confirmar a hipótese de que o médico não é só aquele que atende um paciente, ouve suas queixas, passa o remédio e chama o próximo. Ou então o que retira o tumor, "conserta" um ferimento, coloca uma prótese (se bem que alguns só vivem pra isso mesmo: de prótese em prótese, de silicone em silicone... nada contra,aliás, eles batalharam muuuuuuito pra conseguir fazer isso, eu admiro essa paciência e garra também, mas não é pra mim!) e pronto. O médico é alguém que lida, diariamente, com um número muito grande de seres humanos e com toda a variedade possível que isso possa resultar e deve ser, portanto, alguém disposto a conhecer e aprender nem que seja um pouco sobre o objeto de seu estudo: o ser humano e suas diversas facetas.
Os Conselhos de Esculápio( mitologia grega, se quiser saber mais é só procurar no Google, ué!) terminam da seguinte maneira:
“(...) se anseias conhecer o homem e penetrar na trágica grandeza de seu destino, então, torna-te médico meu filho".

É atrevimento, mas eu quero.

P.S.1: para o possível engraçadinho... Não. Não estou falando da doutrina de Patch Adams!!!
P.S.2: esse é outro caso, mas ainda estou intrigada quanto ao Ato Médico, sim!
P.S.3: o peso ao nascer influencia o estado nutricional ao final do primeiro ano de vida?
O que é que eu to fazendo na internet, genteeee?! :o

Canção Excêntrica

por Cecília Meireles

Ando à procura de espaço
para o desenho da vida.
Em números me embaraço
e perco sempre a medida.
Se tento encontrar saída,
em vez de abrir um compasso,
protejo-me num abraço
e gero uma despedida

Se volto sobre meu passo,
é já distância perdida

Meu coração, coisa de aço,
começa a achar um cansaço
essa procura de espaço
para o desenho da vida
Já por exausta e descrida
Não me animo a um breve traço:
-saudosa do que não faço,
-do que faço, arrependida



Velha conhecida, tão bonita. De cor.
Quando há muito a dizer, o melhor é nem dizer.


P.S.: pra quê serve um médico? (refletindo sobre o Ato Médico também...)

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Promoção de lunetas, sem entrada e sem juros!

Há muito tempo atrás, li um livro cujo título é "A Luneta Mágica". Não me lembro quem é ou autor nem os personagens nem os detalhes da história. Mas me lembro que o personagem principal arranjou, inicialmente, um "luneta do bem",por assim dizer. Quando ele olhava para algo com a tal luneta, só conseguia enxergar as coisas boas do mundo: tudo era bom, bonito, perfeito. As pessoas só tinham virtudes,ele não podia enxergar nenhum problema ou defeito nelas. Isso o prejudicou bastante, porque ele não conseguia perceber os defeitos importantes de muitos e passou até mesmo a ser enganado por algumas pessoas. Então ele trocou de luneta: a nova só lhe permitia enxergar o lado ruim das coisas. Ele via os piores defeitos que ninguém conseguia perceber, inclusive em quem todos considerariam um "santo" e passou a desprezar a companhia das pessoas.
Não me lembro do fim da história, mas imagino que o tal personagem deve ter desistido dessas lunetas mágicas...


É claro que não contei esse história só por contar. O fato é que não sei se isso acontece com muita gente, mas tenho tido a impressão de que ando com as duas lunetas. Em certos momento, ou em certas pessoas, enxergo qualidades que outros observadores não percebem. Em outras, no entanto, eu percebo algumas coisas ruins em simples detalhes que outra pessoa sequer poderia imaginar.
Talvez isso seja bom, não sei. Mas o fato é que eu também estou pensando em como me desfazer das minhas "lunetas". Extremos não são bons, é melhor olhar as coisas com o famoso equilíbrio. Dizem que "o pior cego é aquela que não quer ver", mas "ver" demais também não é lá tão bom assim, né?
Alguém aí quer comprar minhas lunetas?


P.S.: adorei o solzinho de hoje, pena que ele se foi novamente :(

sábado, 20 de setembro de 2008

Se a gente quiser, tem jeito!

akEssa aqui eu colei do blog do meu primo mais lindeza do mundo, mas não resisti!
Ouvi esse texto pela primeira vez na viagem que fiz pro Rio pra prestar vestibular e achei muito legal, muito parecido com minha forma de pensaragir.

Só de sacanagem
(Elisa Lucinda)

Meu coração está aos pulos!
Quantas vezes minha esperança será posta à prova? Tudo isso que está aí no ar: malas, cuecas que voam entupidas de dinheiro.

Do meu dinheiro, do nosso dinheiro, Que reservamos duramente para educar os meninos mais pobres que nós. Para cuidar gratuitamente da saúde deles e dos seus pais. Esse dinheiro viaja na bagagem da impunidade e eu não posso mais.

Quantas vezes minha esperança vai esperar no cais? É certo que tempos difíceis existem para aperfeiçoar o aprendiz. Mas não é certo que a mentira dos maus brasileiros venha quebrar no nosso nariz.

Meu coração tá no escuro. A luz é simples, regada ao conselho simples de meu pai, minha mãe, minha avó E dos justos que os precederam: “Não roubarás”. “Devolva o lápis do coleguinha”. “Esse apontador não é seu, minha filha”.

Pois bem, se mexeram comigo, Com a velha e fiel fé do meu povo sofrido, Então agora eu vou sacanear: Mais honesta ainda vou ficar!

Só de sacanagem! Dirão: “Deixa de ser boba, desde Cabral que aqui todo o mundo rouba” E eu vou dizer: “Não importa, será esse o meu carnaval, vou confiar mais e outra vez”. Eu, meu irmão, meu filho e meus amigos. Vamos pagar limpo a quem a gente deve e receber limpo do nosso freguês.

Com o tempo a gente consegue ser livre, ético e o escambau. Dirão: “É inútil, todo o mundo aqui é corrupto, desde o primeiro homem que veio de Portugal”. E eu direi: “Não admito, minha esperança é imortal”. E eu repito: “Ouviram? IMORTAL!”

Sei que não dá para mudar o começo. Mas, se a gente quiser, vai dar para mudar o final!

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Minha paciência

" O que eu descosturava era medo de errar... Hoje, sei: medo meditado, foi isso. Medo de errar. Sempre tive. Medo de errar é que é a minha paciência. Mal. O senhor fia? Pudesse tirar de si esse medo-de-errar, a gente estava salva. O senhor tece? Entenda meu figurado."

Guimarães Rosa, Grande Sertão: Veredas


Ah! Se eu pudesse...

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Saia do orkut e vá ler um livro!

Fui estudar, pela primeira vez, na biblioteca que fica aqui pertinho de casa. Fiquei impressionada com a estrutura(principalmente com as cadeiras super confortáveis!) E bateu uma saudade... dos tempos em que eu freqüentava, assiduamente, as Bibliotecas Municipais ou mesmo as das várias escolas pelas quais passei no Ensino Fundamental e mesmo no Ensino Médio... das tardes que passei com Machado de Assis, Carlos Drummond de Andrade, Gabriel García Marquez, Cecília Meireles, Sidney Sheldon, Pedro Bandeira e mais um monte de escritores... do quanto eu viajei e aprendi e cresci com aqueles livros amigos, que tanto marcaram a minha vida e que representam grande parcela do que penso e de quem sou hoje. Havia apenas algumas crianças e adolescentes estudando lá. E eu pensei no quanto as coisas mudaram! Hoje já não se valoriza tanto a leitura, as crianças nem conhecem os autores brasileiros! Não há tempo pra ler: é preciso responder aos scraps deixados no orkut, é necessário conversar com a galera no msn, não se pode ficar sem zerar aquele jogo super interessante! E crescem sem imaginação(ou com uma imaginação péssima), com os terríveis vícios de linguagem que me dói só de pensar, com uma estranha falta opinião sobre tudo.
Pode parecer até que sou muuuito mais velha com esse texto extremamente saudosista, mas não há como não ficar triste com a desvalorização da cultura, do prazer da leitura.

E eu, não obstante a falta de tempo, não resisti e peguei um livro do Veríssimo pra ler. Pra manter os bons hábitos e relembrar os velhos tempo...

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

E no Transporte Coletivo...

Existem coisas que só acontecem no Transcol. E eu já deveria estar acostumada , afinal lá se vão alguns anos como passageira.... mas o fato é que me parece que ainda não estou preparada pra enfrentar as situações que me aparecem...

Dia desses, na volta pra casa (na verdade, pro curso de inglês), uma daquelas pessoas simpáticas que sempre se prontificam a carregar meus livros disputou(!) com a moça que estava sentada ao seu lado sobre quem seria mais gentil e carregaria meu pesado fardo. Como havia outras pessoas com suas cargas pesadas em pé ( e espremidas, como é comum naquele horário e acho que em qualquer outro), a moça logo decidiu que iria segurar os livros de outra pessoa e eu deixei os meus com a outra criatura. Os PhDs em transporte coletivo conhecem bem uma regrinha muito importante que eu, infelizmente, até hoje não consegui colocar em prática: nunca seja excessivamente simpático com um estranho (não quis dizer desconhecido) no ônibus! Isso eu sei de cor, mas na hora sempre me escapa aquele sorriso de “mocinha educada” e aí já é tarde demais.... Pois é, o gentil carregador dos meus livros resolveu que deveria sentir pena de mim por carregar tamanho peso. E , de maneira comovente, perguntou-me porque carregar livros tão pesados. Eu bem que podia ter dado uma das minhas respostas rápidas, curtas e grossas, mas o meu lado de “mocinha educada” prevaleceu e eu lhe dei alguma dessas respostas prontas, daquelas se dá a qualquer desconhecido simpático de ônibus. Mas ele não se contentou e resolveu questionar mais: quis saber qual era meu curso, minha faculdade e até em qual pré-vestibular eu havia estudado! Meu instinto alarmista logo começou a deduzir que aquele era um perigoso bandido, que planejava me seqüestrar e eu estava facilitando demais as coisas ao fornecer tantas informações. Ele me parabenizou por ter passado num vestibular tão concorrido e seguiu com uma séria de comentários sobre um cursinho que ele fizera anos atrás, vangloriou-se dizendo ser uma pessoa batalhadora e disse mais alguma coisas das quais não me lembro e que, aliás, não entendi bulhufas (já ouviu falar em “sorria e concorde”? Pois é...) Logo, mudei a hipótese: ele era um bêbado, desses que adoram pegar o mesmo ônibus que eu. Ou era apenas uma pessoa (extremamente) carente querendo um pouco de atenção. Ou talvez, apenas um louco. Milhões de hipóteses eu formulei, e cada uma me assustava ainda mais! As centenas de pessoas espremidas no mesmo metro quadrado que eu ouviam a conversa, esperando o desfecho. E eu, a cada minuto, ficava mais amedrontada... (chega, ponto. Chega, logo...). A exoftalmia do louco/carente/sequestrador me intrigava...não havia como não pensar, a todo momento, em hipertiroidismo, hipertireoidismo, hipertireoidismo.... Seria eu sequestrada por um portador de um distúrbio metabólico tão interessante? A possibilidade me assustava ainda mais, e ele prosseguia fazendo perguntas e comentários.

Enfim, quando aproximava-se o meu ponto, ele estendeu a mão para mim(O quê é isso, meu Deus? Pedido de esmola?)

-Douglas- ele disse

-Hã?

-Meu nome é Douglas, e o seu?

(Porque é tão difícil inventar um nome numa hora tão própria para tal?)

Felizmente (e eu sempre adorei isso), papai e mamãe decidiram que eu teria um nome composto. E qual o problema em fingir que meu nome é, na verdade, o segundo nome? Nem precisei mentir...

Eu estava prestes a sair correndo... De posse de meus livros, quase descendo do ônibus, ele encerra a conversa:

-Qual o seu telefone? ( se vc conseguir, imagine um exoftálmico lançando um olhar conquistador...)



Alguém merece??? Eu só podia rir, incontrolavelemente... e ele tirou das minhas risadas sua própria conclusão:

-Ela deve ter namorado...



Pois é...eu devia estar mesmo muito assustada pra confundir um flerte(como diria a Ju) com uma tentativa de seqüestro!

domingo, 31 de agosto de 2008

Estréia

Enfim... decidi ter um blog. Pra falar a verdade, ainda não decidi de verdade, mas já tá criado. Ouvir dizer que eu não poderia ter um diário virtual, porque não teria tempo pra ele. Mas esse realmente não vai ser um diário... talvez um semanário, mensário, anuário... É óbvio que não vou utilizá-lo todos os dias, mas a intenção nem é essa. O fato é que eu sempre gostei de escrever, e ultimamente não tenho feito isso.. aliás, acho que as últimas vezes em que parei pra escrever foram as redações, no pré-vestibular (que Deus o tenha!)... (as cópias exaustivas nas aulas não contam...) Vamos ver se me acostumo, não sou a mais apaixonada pelas coisas virtuais. Mas não custa tentar.

Agora é pra valer!(essa foi pras sisters, que não acreditaram que era de verdade)