domingo, 26 de janeiro de 2014

A misericórdia de Deus é esdrúxula,
o mistério,avassalador.
Por insondável razão não sou eu a prisioneira.
Minha compaixão é tal que não pode ser minha.
Quem inventou os corações
se apodera do meu para amar este pobre.
(trecho de "O ditador na prisão",de Adélia Prado)





Não há culpados para a dor que eu sinto.
É Ele,Deus,quem me dói pedindo amor
como se fora eu Sua mãe e O rejeitasse.
Se me ajudar um remédio a respirar melhor,
obteremos clemência,Ele e eu.
Jungidos como estamos em formidável parelha,
enquanto ele não dorme eu não descanso.
("Consanguíneos", Adélia)

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Sempiterno

Queria fazer um poema que descrevesse a vida e o que sinto quando penso nela agora.
A sensação real de certeza das coisas que,sem tristeza, foram perdidas.
Aquilo que importava e já não importa mais. Aquilo que parecia ser e que já não é.
Mas,sobretudo,aquilo que eu sempre fui e sempre serei: o detalhe,a pequenez, a despretensão,distração,’desambição’,desinformação.


E entre as lembranças da vida,você.
Lembro o que mudou,o que se foi e o que poderia ter sido mas não foi. 
Mais surpreendente, o que não se vai,não se foi,permanece . 
Que não é intenso nem incerto: é perene,agradável e independente. Que,talvez,algum dia se torne o que era e já não mais será. Mas que ainda anda parecendo mais com quem sou e quem sabe,sempre serei. Sem pretensão. Distração. ‘Desambição’. Desinformação. Que,assim como não sei fazer poema,não sei um nome pra dar.

Mas não é bonito isso?