segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

A poesia me salvará

Te explico onde arranjei esta beleza toda.
Foi no deserto,
entre camelos e escaldante areia.
Brincadeira,meu deserto é o pasto,
o cerrado magro onde passo horas
caçando folhas de bugre,as diuréticas,
pro coração ficar leve.
Da cabeça aos pés de mim,
eu só quero saber do fascinoso mistério:
No céu não tem casamento,
mas namoro não tem fim.
Desculpa 'esta beleza toda',
exagero meu,simpatia está bom
e deleta 'escaldante areia'.
O apóstolo Paulo ensina uma cartilha
onde amor é gramática,
muito semântico pra mim
que só em te ver fico asmática




De onde vens,graça que me perdoa
desta tristeza,
desta nódoa na roupa,
da seiva má no sangue,
da pele rachada em bolhas.
De onde vens,certeza
de que um pouco mais de açúcar
não fará mal a ninguém.
O orgulho fede como um bom cadáver,
minha cerviz é dura,
mais duro é o vosso amor,deus escondido
donde jorram tormentas,
minha nuca dobrada a este repouso
e esta alegria.




("Em Mãos" e "Da mesma fonte", Adélia Prado)

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