sexta-feira, 6 de julho de 2012

Médicos e médicos (5)


Virchow foi um liberal durante toda sua vida, em uma sociedade alemã cada vez mais militante, e durante a juventude teve uma veia de radical político. Ele encabeçou um grupo reformista formado por jovens médicos durante as revoluções que acompanharam a epidemia de cólera em 1848 e passou um certo tempo nas barricadas montadas pelos revolucionários em Berlim. Com intenção de afastá-lo para um lugar remoto, as autoridades prussianas o mandaram investigar uma epidemia de tifo na Alta Silésia, que agora é parte da Polônia, mas à época estava sob influência da Prússia. Ele escreveu um relatório que não era o que as autoridades gostariam de ler, atribuindo a causa da epidemia à carência social, à pobreza, ao analfabetismo e à desigualdade política. Essas e outras epidemias similares seriam controladas melhor, argumentou, por meio da democracia, da educação e da justiça econômica. Ele acreditava que o simples ato de fazer campanha por tais reformas era um importante papel a ser desempenhado pelos médicos. Eles eram os defensores naturais dos pobres, já que sua profissão os colocava em contato direto com as causas econômicas e sociais das doenças.
Virchow sempre manteve seu interesse pela política e pelas reformas sanitárias, atuando no parlamento alemão e no Conselho de Saúde de Berlim. Gostava de comparar o corpo político ao corpo humano, com as células retratadas como os cidadãos do corpo. Médicos tinham que enfrentar diariamente os efeitos adversos que a pobreza causava à saúde. Esse homem incansável ainda investiu em seus interesses nas áreas de antropologia e arqueologia e editou diversos periódicos e livros de múltiplos volumes.
(...)

(História da Medicina - William Bynum)

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